Neste final de semana aconteceu em São Paulo a 5ª edição do WIAD -World Information Architecture Day, com reuniões simultâneas em mais de 57 cidades ao redor do mundo. A Sandra Segato, Airton Vancin e Guilherme Lima e eu representamos o time de Design da A2ad e conferirmos o que de melhor aconteceu no encontro.

WIADSP - Crédito: WIAD-SP

O evento

Em sua quinta edição, o WIAD-SP não poderia ter escolhido um local mais bacana para sediar o encontro. O escritório do Google em São Paulo é local inspirador, lúdico e que realmente desperta a curiosidade, a empatia e a criatividade. Foi possível perceber no rosto de todos os participantes a satisfação de estarem todos ali. Outro ponto alto do evento foi a acessibilidade, uma vez que as palestras contaram com tradução para língua de sinais para quem precisava acompanhar o conteúdo das palestras.

Assim como na edição de 2014, todos os participantes ganharam números aleatórios (de 1 a 12). Antes do coffee break, todos os participantes com números iguais foram convidados a se reunirem em grupo para fazer o famoso networking. Isso é muito bacana pois tal dinâmica, por mais simples que pareça, ajuda realmente a quebrar o gelo e nos faz conhecer pessoas novas.

Resumo e notas das palestras

Carolina Leslie - Maturidade do Mercado de UX no Brasil

Carolina Leslie (Saiba +) apresentou os resultados da pesquisa de mercado sobre UX no Brasil, traçando um panorama do mercado -profissionais, empresas, agências e consultorias - além de identificar alguns pontos que são de extrema importância para uma análise e crescimento da profissão em nosso país. Aqui alguns destaques e provocações da apresentação:

  • Pode-se ver uma presença maior de profissionais de UX nas empresas, o que é visto como um ponto positivo na questão das preocupação de grandes empresas estarem pensando nesta disciplina;
  • Dentro das empresas, muitos profissionais de UX podem fazer parte de equipes que adotam outros nomes, como Produto, Marketing. Mas o interesse é o mesmo: Aprimorar e construir uma melhor abordagem em prol dos clientes;
  • Nas agências de publicidade, muitos dos testes de usabilidade são feitos de forma informal. Tal prática reforça a importância de testar com usuários para coletar ingishts sobre a interface como um todo e corrigir problemas;
  • De acordo com a pesquisa, há alguns empecilhos que de certa forma, impedem a implantação da cultura dos testes de usabilidade, sendo que os principais são apontados como o tempo e a defesa do retorno do investimento (ROI). O primeiro é justificado pela falta de espaço dentro do escopo do projeto. Já na questão do ROI, o teste de usabilidade é visto como um custo e não um investimento (o que é um fator um tanto negativo);
  • As empresas e agências ainda não encontraram uma forma de mensurar o sucesso de projetos de UX. Sem isso, não é possível gerar uma defesa constante dos esforços da área e todo o trabalho;
  • Recomendações para a vida profissional do UX e para uma nova postura dos profissionais de UX: Conheça o negócio e seja crítico, faça pesquisas sempre e tenha métricas e indicadores que demonstre resultados, metas e objetivos alcançados. Em outras palavras, seja mais estratégico para mostrar o valor que os esforços diários sejam mostrados e aperfeiçoados.

Lu Terceiro e Natalí Garcia - Design como potencializador do empreendedorismo

Lu Terceiro e Natalí Garcia compartilharam um pouco de sua experiência na consultoria de inovação voltada para pequenas empresas, utilizando o Design Thinking como método para gerar valor ao negócio. Aproveitando a mudança da economia e a expansão das pequenas empresas no Brasil, surge a ideia de que o profissional de UX também pode ajudar na fomentação e impulsão do empreendedorismo no país. Através da análise das necessidades dos negócios, a consultoria para os pequenos empreendedores fornecer subsídios para trabalhar as percepções do público-alvo além da concepção do negócio.

Adriano Vieland - Meu Vivo App: quando ouvimos o nosso usuário e construímos um novo aplicativo

Adriano Vieland, gerente da equipe de Design e Inovação da Vivo, mostrou um pouco do processo de redesign do aplicativo MeuVivo. De acordo com Vieland, o grande trunfo do projeto foi colocar o cliente da empresa no centro das decisões, coletando informações sobre a experiência nos pontos de contato com o serviço prestado (em fóruns, nas lojas, nas ocorrências de atendimento, entre outras).

Além de pesquisas e insights, foram realizados mapas e jornadas de uso, testes de usabilidade e análise das métricas, para fornecer os melhores insumos para a tomadas de decisão na questão da experiência de navegação, da interface e até mesmo no e desenvolvimento, uma vez que a produção do aplicativo seria terceirizada e disponibilizada em primeiro momento na plataforma Android.

Um dos pontos altos da apresentação, Vieland apresentou o roadmap do projeto que consistia em ter um aplicativo rodando em quatro meses. Para conseguir atingir o prazo com qualidade, foi decidido usar sprints, sendo que em 3 deles, as equipes de UX - UI - DEV & QA trabalharam de forma integrada e simultânea, sem a necessidade de uma equipe esperar uma entrega da outra. Dentre as lições que esse projeto traz, a melhor decisão que pode-se ter é colocar os interesses das pessoas em primeiro lugar, além de elencar as prioridades que agregam um maior valor para o negócio.

Ricardo Couto - Experiências paralelas como insumo para a ideação

Ricardo Couto (Semantics), trouxe uma abordagem mais holística sobre o processo de resolução de problemas, usando como exemplo a construção de uma plataforma de simulados para o ENEM. Para buscar uma solução que fosse adequada ao comportamento dos estudantes, Couto buscou em sua trajetória como observador do mundo (pai, professor, consultor e entusiasta de psicologia), os insumos necessários para propor hipóteses para os desafios do projeto.

Aliando observação, expertise, pesquisa e testes, a lição que Couto apresenta é que a inovação pode ser fomentada a partir das experiências que carregamos em vida e que ter um bom repertório é essencial para nos tornarmos melhores profissionais.

Luciana Martins - Comunicar mais e melhor para diferentes públicos em museus e exposições

Luciana Martins (Percebe) mostrou um pouco sobre como a tecnologia e interatividade podem ser usadas como estratégias para atrair o público para museus. Basicamente, o uso das tecnologias em museus é usada para ampliar a informação sobre as obras e exposições, propor novas interações e auxiliar no processo educativo (uma vez que a maioria do público de museus no Brasil é formado por estudantes da rede pública).

Sobre os tipos de tecnologia mais utilizadas nestes espaços, estão o uso do 3D, da realidade aumentada e dos dispositivos wearables. Um ponto interessante é que tecnologias como robôs, geolocalização e o famoso QRcode ainda não são tão difundidos.

No mais, Luciana concluiu que o papel de um museu é servir de espaço para que as pessoas possam se expressar. A tecnologia pode servir como ponte para que mostras e exposições possam construir um discurso e contar uma história que faça sentido para o público, aumentando enfim, a experiência do conhecimento sobre a história ou sobre a coleção em questão.

Beatriz Palmeiro, Daniel Chaves, Ricardo Dourado e Fabrício Novak - Objetos inteligentes e o design de interação

A equipe de UX da Intel, sediada em Campinas, ficou incumbida de fechar o WIADSP, compartilhando um pouco sobre o processo de pesquisa e desenvolvimento de produtos e de dispositivos inteligentes, sob o conceito de IoT - Internet of Things. O melhor da apresentação foi o compartilhamento das questões e desafios que a equipe enfrentou no processo de desenvolvimento do dispositivo inteligente que ajudasse as pessoas no gerenciamento de tarefas cotidianas em casa. Foram desenvolvidos estudos de personas, análise de comportamento e de contextos de uso, protótipos a cada ciclo de implementação.

Ao longo do desenvolvimento do projeto, a equipe da Intel desmistificou algumas hipóteses no que diz a respeito a questão de seremos multitarefas (fato que não somos) e que a melhor interface é aquela não influencia no fluxo da ação, mas sim, que esteja integrada ao contexto e ao ambiente de uso. Um desafio para qualquer time que deseja investir tempo na construção de dispositivos desse tipo.

Que venha o próximo WIAD-SP

Vale ressaltar a organização do encontro e curadoria de conteúdo da agência Saiba+, que presenteou todos os participantes com cadernos que são muito úteis para que gosta de tomar nota de tudo.

E agradecimentos especiais para a Sandra Segato, Airton Vancin e Guilherme Lima, que ajudaram na compilação e na revisão de cada palestra!